sábado, 28 de fevereiro de 2015

Resenha: Ofício da Palavra


Ofício da Palavra SINOPSE: O que move o escritor? Para responder a esta pergunta e tantas outras que gravitam em torno do ato de criação literária, nasceu o projeto Ofício da Palavra, em Belo Horizonte. Cada depoimento, editado especialmente para esta publicação, em ordem cronológica de apresentação, é um mergulho profundo no universo dos que vivem do ofício da escrita. Em seu conjunto, trata-se de um retrato raro e emocionante da literatura produzida hoje em nossa língua, na voz direta de seus protagonistas.


                            RESENHA

Ofício da Palavra foi um acidente intencional. Era tudo o que eu esperava e não sabia. Procurava por um livro que dialogasse sobre a escrita, e encontrei muito mais do que depoimentos, mas histórias que depõe por si. Ofício me ensinou que a palavra nunca é a mesma, e que não há nenhum conselho mor para quem busca alcançá-la. Nós fazemos nossas palavras, de modo que, ironicamente, nossas histórias se tornam nossas histórias.

Dessa imensa oportunidade, conheci diversos escritores dos quais não fazia sequer menção. Cito orgulhosamente Ignácio de Loyola Brandão. O fato de poder citá-lo, mesmo em meu papel de leiga, é um privilégio. Pelo contrário, jamais o teria descoberto. E foi assim que ao longo e curto das páginas, fui desvendando a outros que, a partir de suas próprias histórias e de suas perspectivas pessoais acerca do ofício de escritor, exprimiram personalidade. De leitura compassada à leitura corrida, o livro se torna uma experiência dinâmica e inspiradora. 

Gonçalo M. Tavares


Cercados de marcações, os capítulos carregam mais cor que os post it's que sinalizam meus picos de emoção. Seria uma tarefa impossível, por exemplo, discorrer aqui as razões concretas pelas quais Ignácio foi minha descoberta preferida. Resta a alternativa de resumir meu sentimento no retrato que estampa seu olhar, e na referência ao lado: o caçador de histórias. Mas Ignácio não vai embora. Ignácio fica, como fica Ferreira Gullar e a invenção da vida, o militante da imaginação Bernado Carvalho e as "flores azuis" de Carola Saavedra.

Não há dúvida de que esse livro tenha se tornado minha indicação particular para aqueles que alimentam um interesse especial pela escrita, ou pela literatura brasileira. Ofício da Palavra é um misto de prefácio e epílogo de tudo que já lemos e um dia nos permitiremos escrever. Pois " [...] a literatura é uma vingança, uma vingança entre aspas. Escrevemos por vingança contra as condições de vida que nos cercam, contra a situação do mundo, contra as rejeições que estão dentro de nós, contra as frustrações, as desilusões, os conflitos interiores, contra tudo isso que pode nos amargar ou enlouquecer". E é assim que em meio a depredação da literatura, Ofício se faz a grande vingança. 

3 comentários:

  1. Gostei muito do modo de como você falou sobre o livro, com emoção. Não tenho vontade de escrever um livro nem nada do gênero, mas tenho bastante interesse em saber mais sobre a nossa literatura. O livro parece ser muito bom para descobertas, beijos
    www.reinodaloucura.blogspot.com.br

    ResponderExcluir
  2. Olá, Tai, tudo bom?
    Não conhecia o livro, mas parece ser muito bom para conhecer mais a literatura nacional, post esta ótima, a forma como descreveu o livro é perfeita, super curtir.

    Beijos.
    http://www.marcasliterarias.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  3. Oie, tudo bom?
    Eu conhecia o Ignácio de Loyola e sua resenha soube pontuar com poesia e maestria essa obra. Parabéns!
    Beijos,
    http://livrosyviagens.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir

Seu comentário representa uma conexão impagável entre o que faço e o que vocês recebem em troca. Agradeço se tirar seu tempo para compartilhar isso comigo.