segunda-feira, 4 de maio de 2015

Resenha: "As Irmãs Gilly" por Tiffany Baker

"As Irmãs Gilly", por Tiffany Baker - tradução de Fernanda Castro Bulle.

SINOPSE: Na distante vila de Cape Cod, as irmãs Gilly não poderiam ser mais diferentes uma da outra. Jo, solitária e reservada, se mantém fiel aos mistérios que circundam a fazenda de sal de sua família. Claire, por sua vez, é popular, linda e anseia fugir daquela vida a qualquer custo. Mas a propriedade esconde um legado obscuro que torna impossível fugir dela para sempre. Nenhuma força é maior do que a conexão entre as mulheres de uma família. Nem mesmo o destino é capaz de separá-las.


                             RESENHA










Envolta pelas raízes das irmãs Joana e Claire, aos poucos fui conhecendo melhor os conflitos da Fazenda Salt Creek, e as origens de cada olhar ou palavra mal entendida. Com suas escolhas excelentes de narração, Tiffany Baker me conduziu de maneira fluida pela verdade, criando uma viagem pelos olhares controversos dos personagens. Ao alternar visões, Baker foi capaz de tirar o cerne de cada momento, tornando possível a absorção do verdadeiro sentimento de cada protagonista ao longo da revelação. Só me restando elogiar tamanho domínio de escrita. 

"Deixe seu discurso ser temperado com sal, diz na Bíblia. [...] Jo teria interpretado essa frase como uma prescrição para dizer às pessoas o que elas queriam ouvir. Agora [...], entretanto, Jo mudara de ideia. As palavras de Deus não eram como um fio de prumo que ia direto ao coração, eram mais uma rede emaranhada, espalhada para pegar aquilo que conseguia."

Apesar do meu incômodo um tanto imaturo com os capítulos extensos do livro, fui envolvida pela teia de conflitos amorosos, familiares e pessoais, acabando surpreendida com a agilidade com que me identifiquei com alguns de seus personagens. Enquanto o Sal, mais especial deles, ressaltava o sabor de cada palavra impressa. No final, a singularidade de cada um teve seu próprio peso em cristais. E ainda que não me identificasse com todos, fui comovida pela aparente despreocupação da autora com a expectativa do público, e seu compromisso claro com a convicção. 

"Eles estavam na cama, e ele tinha as mãos entrelaçadas no cabelo dela, os dedos segurando a nuca como os finos galhos que protegem o ninho. Claire não sabia, na época, que os sentiria nela dez anos mais tarde, cada dia mais fortes, já não mais parecidos com finos galhos, pois aqueles ela conseguiria quebrar se preciso fosse."

O ar mágico do livro, fruto do mistério acerca de suas tradições e superstições, é a essência e o encanto dessa leitura. Partindo de uma construção para um desfecho inteligente, a autora traz à tona o desenrolar fantástico das relações que acompanhamos desde o início. Mas nada seria do todo sem seus traços irreconhecíveis. Por meio da genialidade de suas palavras, Baker reconhece a fortaleza de nossas próprias histórias. Assim como a verdade que carregamos dentro de nós mesmos. 

"Era uma história simples sobre uma tempestade no final da estação e o nascimento de dois bebês, um conto que Jo pensara conhecer, mas não exatamente daquela maneira."

3 comentários:

  1. Olá; nunca tinha ouvido falar sobre esse livro. Mas achei a capa tão bonitinha, e a sua resenha me deixou curiosa para saber mais sobre ele.

    petalasdeliberdade.blogspot.com

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  2. Oi Tai,
    Nunca vi este livro antes, e provavelmente ele não teria chamado a minha atenção.
    Não faz muito o meu estilo, mas confesso que o preço faria com que eu pelo menos o pegasse para ler a sinopse. HAHA' Que bom sair da livraria com um bom achado.
    Excelente resenha!

    Beijos,
    Mari Siqueira
    http://loveloversblog.blogspot.com

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