sábado, 21 de março de 2015

Resenha: "Todo dia" por David Levithan

"Todo dia" por David Levithan - tradução de Ana Resende.

SINOPSE: Neste novo romance, David Levithan leva a criatividade a outro patamar. Seu protagonista, A, acorda todo dia em um corpo diferente. Não importa o lugar, o gênero ou a personalidade, A precisa se adaptar ao novo corpo, mesmo que só por um dia. Depois de 16 anos vivendo assim, A já aprendeu a seguir as próprias regras: nunca interferir, nem se envolver. Até que uma manhã acorda no corpo de Justin e conhece sua namorada, Rhiannon. A partir desse momento, todas as suas prioridades mudam, e, conforme se envolvem mais, lutando para se reencontrar a cada 24 horas, A e Rhiannon precisam questionar tudo em nome do amor.

RESENHA 

Decidi que levaria "Todo dia" assim que coloquei minhas mãos nele. Ainda não havia lido nada do David Levithan, o que fez desse livro um presente em vários sentidos. Escolhi ele no ano passado em um momento de muitos questionamentos, certa de que ele seria a companhia certa para esse período de escolhas e descobertas que seguiriam no ano de 2015. "Eu quero que meu futuro eu leia isso", eu pensei. Pela primeira vez dei a sorte de escutar a mim mesma.

"A" é um dos personagens mais enigmáticos que conheço, do seu jeito próprio e único. Levei mais tempo do que esperava para estabelecer uma conexão com ele e finalmente me identificar. Acontece que "A" não possui gênero, não possui sonhos, não possui família, amigos e uma grande e emaranhada história na qual eu pudesse me refletir. Ele ou ela era apenas alguém. Quem sabe "algo". E nessa luta contra o que se sabe, o que se entende e o que se sente sobre a existência, demorei para enxergar "A" como deveria. E como ele merecia desde o início. 

"Sou um andarilho e, por mais solitário que isso possa ser, também é uma tremenda libertação. Nunca vou me definir sob os mesmos critérios de outras pessoas. [...] O passado não me ofusca, nem o futuro me motiva. Concentro-me no presente, porque é nele que estou destinado a viver."

"A" não é o tipo de personagem que se possa definir. Viajando pelos corpos de outras pessoas de forma inconsciente a cada dia, ele acaba por viver como refém das circunstâncias. Vamos de corpo a corpo e capítulo a capítulo ao lado dele, que sabe menos do que nós sobre quem ou o que ele é, cercados por um denso questionamento a respeito da vida e do que a representa. Na ausência de laços pessoais, noção de futuro e no vazio das memórias que não o definem, compreendemos que "A" é incapaz de pertencer. Exceto à Rhiannon. 

Tudo começa quando, em um novo corpo, "A" se permite conhecer melhor Rhiannon, namorada de Justin, e se deixa entregar depois de um longo e incerto tempo. Os dias passam, os corpos se distanciam, e "A" leva seus sentimentos por Rhiannon de corpo a corpo, como parte de sua alma, espírito ou simplesmente de sua existência. E é nesse cenário que Levithan explora com maestria as questões de sexo e gênero, onde em meio ao conflito entre corpo e mente, entram nossos corações. Parte dessa batalha a qual pertencemos no instante em que nos permitimos sentir. 

"Que história é essa sobre o instante em que você se apaixona? Como uma medida tão pequena de tempo pode conter algo tão grande? [...] O momento em que você se apaixona parece carregar séculos, gerações atrás de si - tudo isso se reorganizando para que essa interseção precisa e incomum possa acontecer. "

"Todo dia" é um livro para se reconectar e se reconhecer. Na pior das alternativas, você vai chorar como eu chorei. Aquele choro que te deixa por ali, abraçado ao livro com um sabor amargo no fundo da garganta. Apesar do enredo e dos personagens não serem dos meus preferidos, considero uma das minhas melhores leituras pelo sentimento que cada página carrega. Até certo ponto, já não podemos mais esperar pelo climax da história. A tensão cresce seguida das descobertas e dos conflitos, e só no final descobrimos que ele esteve lá o tempo todo. Talvez você se decepcione, mas a verdade é apenas sua mais crua versão. E ela não deixa de ser maravilhosa.

 "Então, quem você é hoje? Que pergunta estranha de se fazer. Mas acho que faz sentido. Se é que alguma coisa faz."

10 comentários:

  1. Olha eu até hoje ainda não li esse livro, mas tenho bastante curiosidade, porque muita gente fala muito bem desse livro do autor. Espero poder conhecer assim que for possivel, porque estou atolada de leitura esse mês =x
    Ma quanto a sua resenha, eu sinceramente gostei de tudo que você abordou sobre a história. Gostei bastante. Espero gostar também =]

    http://lovereadmybooks.blogspot.com.br/2015/03/louca-para-ler-3-2015.html

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    1. Amiga assim que atualizar o seu cantinho pode me chamar que virei retribuir
      Queria te convidar para ver uma nova resenha -http://lovereadmybooks.blogspot.com.br/2015/03/resenha-labirinto-de-espelhos.html

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  2. Olá! Tudo bem?

    Eu comprei esse livro esse ano e espero lê-lo em breve. Sempre vejo comentários muito positivos acerca da obra. Nossa, pela sua resenha pude perceber que o livro é um tanto quanto pesado (sentimentalmente). Adoro livros assim... Espero poder chorar agarrada nele ao final assim como aconteceu contigo.

    Beijos,

    Juliana Garcez |Livros e Flores

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  3. Oi Tai,
    Esse livro representou tanto pra mim. Eu li há algum tempo e às vezes preciso folheá-lo novamente para encontrar alguma coisa que me ajude a dar sentido às minhas questões. Esse livro fala mais do que sobre identidade, ele fala sobre ser. Sobre amar, independente de tudo. Eu amo David Levithan, ele sabe falar sobre tudo o que precisa ser falado e de um jeito único. Eu não me decepcionei com uma linha sequer desse livro, e não vi final melhor <3 Ótima resenha!

    Beijo,
    Mari Siqueira
    http://loveloversblog.blogspot.com

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    1. Belo comentário pra complementar o post, Mari! Falou tudo. Espero que a resenha tenha passado pelo menos uma parte do que você experienciou. De fato, é um livro muito especial.

      Beijos!

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  4. Oi, tudo bem?
    Eu sempre tive vontade de ler esse livro, principalmente para conhecer a escrita do David Levithan, autor por quem vejo muitos de meus amigos leitores se derretendo, e também porque acho a premissa desse livro bem interessante e muita gente já me recomendou também.
    Fiquei muito curiosa para conhecer melhor a história do A, que por sinal eu achei muito criativa e original!
    Terminei de ler a pouco tempo o meu primeiro livro do Levithan, o Dois Garotos Se Beijando e me apaixonei pelo livro, recomendo demais!

    Beijo :*
    http://www.livrosesonhos.com/

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  5. Esse livro é simplesmente fantástico. Pelo menos pra mim em cada pequeno detalhe ele foi ótimo. Muita gente fala mal desse livro e eu acho que é questão de compreender as personagens e a complexidade envolvida. Eu amo, é um dos favoritos da minha vida!
    www.belapsicose.com

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  6. Oiee.
    Meu sonho ler este livro e claro que a expectativa é grande e por isso espero amar ele.
    espero me emocionar assim como você

    Beijos
    www.amorliterario.com

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  7. Olá!
    Esse livro está na minha fila de leitura e confesso que após ler sua resenha, minha curiosidade só aumentou!
    Quero muito conhecer a escrita de Levithan e a ótima história que ele criou.
    Parabéns pela resenha!
    Beijos

    Li
    literalizandosonhos.blogspot.com.br

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  8. O que eu mais gosto neste livro é não saber a sexualidade do personagem. Quando eu li, isso deixou a história mais interessante pra mim, porque eu podia imaginar o personagem da maneira que eu queria. E eu gostei muito disso. Muitas pessoas criticam o livro por não entenderem a ideia que ele tenta passar, mas acho que é uma leitura que vale muito a pena.

    http://www.laoliphant.com.br/

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